domingo, janeiro 08, 2006

Antologia pessoal 2


"O que me apaixona na vida é poder colaborar numa obra, numa Realidade mais duradoura que eu; é neste espírito e nesta perspectiva que procuro aperfeiçoar-me e dominar um pouco mais as coisas. A morte, ao vir tocar-me, deixa intacta essas coisas, essas ideias, essas realidades mais sólidas e preciosas que eu próprio; a fé na Providência, por outro lado faz-me crer que a morte vem na sua hora, com a sua fecundidade misteriosa e particular (não só para o destino sobrenatural da alma, mas também para os progressos ulteriores da Terra).

Então, porquê temer e desolar-me se o essencial da minha vida não é tocado - se o mesmo desenho se prolonga, sem ruptura, nem descontinuidade ruidosa?

As realidades da fé não têm a mesma consistência sentida que as da experiência. Portanto, inevitavelmente, providencialmente, quando é necessário que troquemos umas pelas outras, há medo e vertigem. É então o momento de fazer triunfar a adoração e a confiança, a alegria de fazermos parte de um todo maior que nós próprios
."

"Hino ao Universo", Pe. Teilhard de Chardin, Ed. Noticias, Lisboa, pag 107

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